segunda-feira, 30 de março de 2015

PORTUGUES EQUIVOCADO

Serviço hidráulico e elétrico,por menor que seja,acaba gerando cricas inesperadas e que nos aborrecem. Por conta de um chuveiro com resistência queimada e um pinga pinga incessante da torneira da cozinha,precisei ir meia dúzia de vezes na loja do português.
O português que é dono da loja de material de construção ( e que deixa a TV dele ligada o tempo todo em canal de Portugal ) está habituado a me ver passar até duas vezes por dia em frente a sua loja,por conta que o mercado onde faço minhas compras fica ao lado.
Hoje,por conta de peças hidráulicas trocadas, que não se encaixavam no banheiro,tipo,resistencia errada em chuveiro errado,tive que visitar o português varias vezes. Confesso que já estava até sem graça. Tive a impressão,que o homem estava achando que eu poderia estar interessada nele. Na última vez que precisei voltar na loja ( a quarta do dia ) o portuga arreganhou a boca para mim, num sorriso escancarado e galanteador. Só me faltava essa…
Agradeci a troca da peça ( a quarta troca do dia ) e sai da loja prometendo a mim mesma, que por hoje,o português não me veria mais ; antes porém,quis deixar bem claro a ele, minha contrariedade pelas inúmeras visitas inevitáveis ao estabelecimento. O português sorriu maroto…me pareceu que ele não acreditou em meus argumentos.
Chegando em casa,dei falta de algum ingrediente importante para a janta. Teria que sair de novo até o mercado, rapidinho. Para meu desespero,teria que passar em frente a loja do português mais uma vez.
E lá estava ele…recostado no batente da porta como sempre,apreciando o movimento da rua.
Ao ver que eu me aproximava o português sorriu e se movimentou como que abrindo espaço para eu entrar na loja. Deduziu ( no seu pensamento ) que mais uma vez alguma peça precisaria ser trocada,ou que eu poderia estar arrumando alguma justificativa hidráulica,para me aproximar dele. Continuei andando de cabeça erguida e pisando duro no chão. Passei reto pela loja do homem,não sem antes comentar ironicamente :
- Não quero nada não português. Tá tudo certo. Passar bem. ( e corri para o mercadinho )
Fui firme. Tinha que mostrar para o português que ( apesar das inúmeras vezes que estive na loja dele, em busca de peças hidráulicas e elétricas ) meus motivos eram justos e não escusos. O português precisava saber que estava equivocado.


                                                                                             *PenhaBoselli* maat / 2015